domingo, 9 de agosto de 2009

O pássaro...


EU queria ter um pássaro...

De roxo e laranja são as penas desse pássaro de coração inxado e grave no canto.

Elas são ordenadas de tal efeito ótico que de longe ele parece fogo.
Mas ele é roxo por dentro...

Como tudo que brilha em horas invisíveis.
Ele canta como se o mundo morasse dentro de quem o ouve.

Ele sabe fazer isso porque ele não sabe que faz isso.

Ele poderia se chamar meu "amor".
Ele respira luz sem querer e penteia suas penas ruivas todos os dias enquanto finge que não sabe voar.
A casa dele se chama gaiola.

Tem um cadeado bem grande e pesado na frente.
Não se sabe se foi alguém que o amou ou o amor que ele tinha ao amor que sentiam por ele.
O espaço entre uma grade e outra delimita um caminho

pelo qual seu peitoral cantante jamais conseguiria passar.
Ele é pendurado lá em cima.

Como se fosse um Deus..

Como se tivesse asas.
E ele as tem.
Ele olha o horizonte para encontrar a liberdade em seus acordes.

Lamenta suas asas sem notar que as portas de sua gaiola sempre estiveram escancaradamente abertas pelo tom das possibilidades...



PS: Um espaço entre o impulso e o vão,
entre o salto e o chão
desencadeando os degraus das circunstâncias
instâncias de cada pequena medida dos teus pés.

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