quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Caixas de mudança...




Forçaria meus dentes ao rangir calada...
da noite que não pôde ser de núpcias,

mas que com toda a falta de farsa e com toda a magia guardada...

debaixo do travesseiro se desfez porque?

Por que precisa...

Algo se move...

algo se acomoda e

algo se desfaz...

Ai de mim!

Diziam-me as bruxas espancadas na rede da monotonia...

Gemiam quase que sexualmente ao lembrar de cada abraço perdido antes do anoitecer....

Sussurravam e diziam umas para as outras:

-Agora é noite, pode largar a respiração..

E era assim: o vento voltava a assoviar,

as portas abriam fazendo seus barulhos suspeitos e bem decorados de frases sombrias...

e os dentes...

Ah! Os dentes com aquele rangido....

Pedi perdão ao presépio e ninguém me respondeu...

Resolvi calar...

Deixei meus pecados por aí...

e continuei a contar Era uma vez...

Foi-se os dias...

e mais devagar as horas a marcar pedaços de tempo no sol do meio-dia

que virava quase a tardinha do mate quente na boca....

o gosto do não escovar os dentes...

e o apelo pela roupa suja no chão...

pude ouvir mais uma vez o teu barulho...

O mar já se colocou de pé.

As veias da cabeça já se salientaram azuis...

É fácil desembrulhas as caixas,

o difícil é carregá-las.

Nós sabemos disso...





PS: A intensidade dos ventos se mede com a vontadede ficar...